Seminário Interartes & Intermédia — Sessão especial de Natal

15 de Dezembro de 2022 | 15:00—17:00 | Sala B112.G (Biblioteca FLUL)


Na próxima sessão dos Seminários Interartes & Intermédia (THELEME), contaremos com as apresentações dos trabalhos de tese de Maria da Paz Carvalho, Patrícia Passos de Sá e Alexis Viegas, mestrandos do Programa em Estudos Comparatistas, com interesse nas áreas de investigação do grupo.
 

  • Maria da Paz Carvalho, “Espectralidade e aparição em Vergílio Ferreira e Teixeira de Pascoaes: Para Sempre e São Paulo
  • Patrícia Passos de Sá, “Na pista de Frankenstein: reflexões sobre o monstro na contemporaneidade”
  • Alexis Viegas, “A interdisciplinaridade e a intermedialidade nos videojogos: o caso de The Last of Us: Part II”


Como é tradição, esta sessão de Dezembro incluirá ainda um momento mais informal, dedicado a fazer o ponto da situação do grupo e dos seus subgrupos e a partilhar perguntas e informações, concluindo com um pequeno aperitivo natalício.

O encontro terá lugar no dia 15 de Dezembro, quinta-feira, entre as 15:00 e as 17:00, na sala B112.G (Biblioteca da FLUL), em formato híbrido. Ligação Zoom.
 



Resumos

 

Maria da Paz Carvalho, “Espectralidade e aparição em Vergílio Ferreira e Teixeira de Pascoaes: Para Sempre e São Paulo

São Paulo é um romance-biografia de Teixeira de Pascoaes, publicado em 1934, e Para Sempre um romance de Vergílio Ferreira, publicado em 1983. Enquanto o primeiro é uma recontagem da vida de Paulo, de acordo com os textos bíblicos, o segundo conta a história de Paulo, narrador e personagem principal, que regressa à sua casa de infância, onde encontra espectros da sua memória e imaginação. O meu projecto de dissertação pretende mapear e elencar algumas das estratégias estilísticas e narrativas, empregadas por estes autores nestas duas obras, para criar um efeito de espectralidade. Por outras palavras, a minha preocupação prende-se com perceber como é que Teixeira de Pascoaes e Vergílio Ferreira concretizam uma poética da espectralidade. Nesta sessão, irei apresentar algumas das questões que estas obras me suscitaram e os principais eixos que têm orientado esta investigação que, até agora, me conduziu a um estudo da relação destas obras literárias com imagem, espaço e ritmo.

Maria da Paz Carvalho frequenta o mestrado em Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Neste âmbito, está a escrever a dissertação Espectralidade e aparição em Vergílio Ferreira e Teixeira de Pascoaes: Para Sempre e São Paulo. Na mesma instituição, leccionou como monitora da cadeira ‘Textos Fundamentais’. Em 2021, participou no III Encontro de Jovens Investigadores em Literatura Comparada com a comunicação O canto e a fertilidade em Empfängnis de Zemlinsky, estudo intermedial desta canção do século XIX.

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Patrícia Passos de Sá, “Na pista de Frankenstein: reflexões sobre o monstro na contemporaneidade”

Frankenstein (1818), de Mary Shelley, continua a revelar-se uma obra pertinente na contemporaneidade, tendo em conta os avanços da ciência e da tecnologia que aproximam a humanidade de um futuro em que se julga possível transcender a dimensão biológica do ser humano. Na minha dissertação de mestrado, proponho uma análise dos ecos de Frankenstein em duas obras literárias contemporâneas: La Madre de Frankenstein (2020), de Almudena Grandes, e Frankissstein: A Love Story (2019), de Jeanette Winterson. O meu estudo alicerça-se sobretudo na discussão dos conceitos de “monstro” e “criador”, “humano” e “humanidade”, “transhumano” e “pós-humano” e como esses conceitos são abordados nestes dois romances. Nesta apresentação, pretendo centrar-me sobretudo na temática da monstruosidade. O que é, na verdade, um monstro? O que torna um ser monstruoso? Como podem as possibilidades apresentadas pelo debate do transhumanismo e do pós-humanismo ser monstruosas? Discutirei estas questões recuperando os temas e as obras abordadas na minha dissertação. Além disso, estes tópicos poderão ser pontos de partida para estudos futuros que abarquem outros media além do meio literário, onde o motivo da monstruosidade encontra, também, um solo fértil.

Patrícia Sá é mestranda em Estudos Comparatistas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e encontra-se a terminar uma dissertação sobre ecos literários de Frankenstein, pós-humanismo e monstruosidade. É autora na antologia de contos Sangue Novo (2021), que venceu o Grande Prémio Adamastor da Literatura Fantástica Portuguesa de 2022 e cujo conto «Amor» foi finalista do Prémio Adamastor da Ficção Fantástica em Conto de 2022. Integra, também, a coletânea Sangue: Uma Antologia Portuguesa (2022) e o Almanaque Steampunk 2022 (2022). Colabora como redatora de conteúdos no website Fábrica do Terror. Além disso, coorganizou a jornada «Nosferatu: 100 Anos de Terror» e prepara, de momento, a publicação de um volume na sequência desse projeto

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Alexis Viegas, “A interdisciplinaridade e a intermedialidade nos videojogos: o caso de The Last of Us: Part II”

A abordagem narratológica aos videojogos foi amplamente contestada no início dos Game Studies. Ludólogos oponham-se à ideia de que ferramentas teóricas e metodológicas de áreas relacionadas a media tradicionais eram pertinentes à investigação sobre videojogos, principalmente as que provinham dos Estudos Literários e dos Estudos Fílmicos. Receava-se que perspetivas enviesadas pelo modo de pensar outros media tivessem prevalência sobre o desenvolvimento de abordagens específicas ao medium. Não obstante, a interdisciplinaridade e a intermedialidade tornaram-se necessidades indiscutíveis com a evolução tecnológica das últimas duas décadas. The Last of Us: Part II surge como resultado deste processo de inovação técnica, onde a produção narrativa ganha tanto ou maior destaque que os elementos de jogabilidade. Nesta apresentação, procurarei demonstrar como Part II é um exemplo da potencialidade narrativa do medium, mas também da pertinência de abordagens intermedia e interdisciplinares no âmbito dos videojogos.

Alexis F. Viegas é mestrando em Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Licenciou-se em Línguas, Literaturas e Culturas pela mesma instituição com minor em Artes e Culturas Comparadas e outro em Comunicação e Cultura. Coorganizou, em 2022, a jornada «Nosferatu: 100 Anos de Terror» e coeditou a publicação homónima resultante do evento que sairá em 2023. Atualmente, integra o Conselho Editorial da revista estrema: revista interdisciplinar de humanidades. Prepara, agora, a sua dissertação de mestrado nas áreas de Narratologia e Game Studies sobre a analepse em The Last of Us: Part II (2020).